Essencia de Mulher

Um blog para mulheres e homens de mente aberta

terça-feira, setembro 05, 2006

Onde anda a capacidade de amar dos jovens?


Há uns tempos atrás, numa conversa com um jovem na casa dos vinte, lamentava-se ele das relações afectivas. Sentia-se um pouco complexado porque não conseguia manter um namoro por muito tempo. Isso estava de certa forma a destruir-lhe a autoestima. Dizia-me que enquanto estava na fase da conquista era tudo muito bom, apesar de durar pouco, mas depois perdia todo o interesse. Penso que isto dá que pensar. Realmente os jovens hoje em dia têm tudo pronto. Poucos são os que conhecem o sabor da vitória depois de longas lutas. Normalmente se algo não resulta à primeira ou a segunda pura e simplesmente viram as costas e "partem para outra". Isso também acontece muitas vezes em termos de relações afectivas. Hoje em dia ninguém pede namoro a ninguém. É pena, porque só por si, o facto de o rapaz, sim era sempre o rapaz, quanto muito a rapariga enviava sinais, seduzia, tomar a coragem para o fazer, e a rapariga estar à espera, criava um clima interessante. O rapaz não queria levar um "não", a rapariga subtilmente ia dando a entender o seu interesse e penso que isso era gratificante, e já ajudava um pouco a conhecerem-se. Depois, agora, assim que começam uma relação, ou mesmo antes, "vão para a cama". Perde-se toda a fase de conquista, toda a magia, toda a fantasia por trás disso, perde-se a solidificação dos afectos que pode tornar tudo muito mais prazeiroso. Banaliza-se o sexo. Mas entendem que esta é uma forma de "agarrar" o outro. Só que parece ter o efeito contrário. Numa relação, hoje, tudo se cobra. É discutido a toda a hora quem faz mais, quem faz menos pelo outro. Porque não simplesmente dar pelo prazer de dar? Isto para não falar no facto de que ninguém está para aturar as crises da outra pessoa. Isso é muito "chato", o melhor é virar as costas porque uma relação é só para o "bem bom". Ter uma relação para ter "chatices" não vale apena. A facilidade com que se "brinca" com os sentimentos das pessoas é incrivel. Esquecem-se que é precisamente num momento de dificuldade que uma relação pode solidificar. Aí se vê a cumplicidade, o companheirismo, a entrega, compreensão... das pessoas.Outra coisa que acho curiosa são as "juras de amor eterno" usadas como manipulação. Mais espantoso ainda é como podem deixar de gostar de alguém de um dia para o outro. Eu não entendo isto. E os jogos que fazem? As máscaras que põem? As chantagens emocionais, as mentiras...? Porquê? Pergunto-me Porque não deixar correr e cada um ser simplesmente o que é? Será porque existem muitas carências? Medo da rejeição? Muito hábito de competetividade? Muita luta de poder?... Que se passa com estes jovens? Querem crescer depressa demais e atrapalham-se? Penso que todos nós queremos sempre crescer depressa demais mas ... era tudo bem diferente a este nível há uns tempos atrás. Não estou a generalizar, mas este não é o primeiro nem o segundo nem o centésimo desabafo que oiço com as mesmas caracteristicas. No fundo todos se queixam do mesmo mas continuam sempre a "representar" a mesma "peça".

4 Comments:

At 11:06 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não poderá estar a capacidade de amar dos jovens no mesmo lugar onde se encontra o respeito do humano pelo seu semelhante e por si mesmo?

Penso que sejam lugares, muito distantes, e em locais de dificil acesso de tal forma, que muito dificilmente se poderão encontar.
E, se assim for, quando lá chegarmos, saibamos todos usufruir do encontro, da estadia na verdadeira acessão da palavra.Saibamos respeitar o momento, o espaço, o outro, o tempo.
Acredito que um dia a juventude parará por momentos, descobrirá então que as facilidades não são sinónimos de "concretizações".
Dará então uma volta de 180º na sua vida, e perceberá que o que está dentro do seu coração, não poderá ser usado como algo descartável.

Acredito também que um dia se ouvirá um sino, pela aurora e que acordará esta juventude que está super facilitada.

Alô alô juventude... cuidem-se qualquer dia o sino poderá tocar a "rebate"......

 
At 2:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Estamos, de facto, na época dos “descartáveis”: amigos descartáveis, relações familiares descartáveis, amor descartável, sexo descartável, … descartável.
Num período em que se vive a correr, sem a preocupação de sentir e interiorizar, é muito prático tornar tudo descartável. Sem compromissos e sem balizas. Sem dores excessivas e sem laços.
Nada de complicações: os jovens (e os menos jovens começam também a fazê-lo) juntam-se para “curtir” uns momentos “fixes” e quando um dos elementos da relação passa por uma crise ou por um problema já não vale a pena continuar. Finge-se que a vida é muito simples e segue-se em frente. Há mais quem espere e aspire por esta relação descartável. Na incapacidade de partilhar e dar a alma ao outro, na essência do que se é, dá-se o corpo. Aparentemente fácil. Agora que duvido que se cresça mais rápido, duvido. Pelo menos na íntegra. Cresce uma parte de nós, envelhecida à pressa, sem espaço para maturar e florescer na ânsia de emoções nada consistentes.
Depois vêm os sentimentos de insatisfação a crescer sobre nós e um digladiar constante pela energia do outro, à medida que se criam vibrações cada vez mais baixas: a luta pelo poder numa relação entre pares que não se vêem como tal – a sede pelo controlo a crescer na vontade de limitar e controlar o outro como forma de afirmação pessoal.
Enquanto vítima, hoje consciente, desta tendência para vulgarizar e minimizar coisas tão importantes como aquelas a que se tem vindo a fazer referência, parece-me urgente repensarmos as nossas atitudes e forma de estar porque as cicatrizes podem ser feias e doer para toda a vida. No entanto, sei que esta consciência cresce e afirma-se de cada vez que batemos na parede. Não tenho a pretensão ou ousadia de desviar o obstáculo do percurso de cada um. É com ele que aprendemos a SER, bem sei. Mas parece-me importante trazer estas questões a espaços de reflexão como este que vais construindo a cada dia. Parabéns e obrigado
Um sorriso

 
At 4:34 da tarde, Blogger Clotilde S. said...

Eu prefiro acreditar que a capacidade de amar não morreu apesar de tudo.Talvez a maturidade a revele. Nos jovens, penso eu, as hormonas falam mais alto.Sou mãe de três jovens e é o que verifico. :)) Beijos e parabéns pelos teus posts. Gosto muito de te ler.

 
At 11:51 da tarde, Blogger Stella Noir said...

gostei muito deste post... falou umas verdades.. vou continuar a visitar...


beijinhos


Romy

 

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