Raízes... Tradições...
Eu sou uma pessoa de "raízes", de tradições. Já algumas vezes. o facto de "criar raízes", condicionou-me. Lembro-me, por exemplo, na altura em que me candidatei à faculdade. Não entrei nesse ano por duas décimas. Foi uma frustação. Podia ter ido estudar para Coimbra ou para o Porto, mas em vez disso resolvi ficar um ano à espera. Não me imaginava sair do sítio onde tinha nascido e onde ainda hoje moro. Isso mudou muito o meu trajecto de vida. Nunca saberei se para melhor ou pior, mas quase de certeza ter-me-ia feito muito bem ir estudar para longe de casa. Opções! Hoje teria feito de maneira diferente. Eu adoro viajar, mas sabe-me tão bem regressar a casa... Estas "raízes" chocam por vezes com a minha ânsia de conhecimento , o alargar de horizontes e a necessidade de mudança. Não sei onde fui buscar esta necessidade de "raízes" se tantas vezes as considero nefastas e não fazendo parte de mim. O apego ao passado e às coisas, por vezes é destrutivo, impede-me de evoluir em certos sentidos. Também sempre dei muito valor às tradições. Muitas coisas que me foram passadas pelos avós, pelos pais, ainda mantenho e passo-as para os meus filhos. Cheguei a pensar que os meus filhos não ligavam nenhuma a essas coisas e que até brincavam com isso. Hoje porém vejo-os a incentivarem-me para não quebrar certas tradições. Senti isso bem presente no último Natal. O ano passado, por vários motivos, não tive muita vontade de comemorar esta data, pelo menos com o espírito usual, e dei com os meus filhos a sentirem a falta de todos aqueles promenores da tradição Natalícia com que foram habituados desde que nasceram. Mas... a tradição já não é o que era... (onde é que eu já ouvi isto?). Às vezes entristece-me ver que vamos perdendo muito das nossas tradições. Em contrapartida, "importamos" outras. Importamos tudo! E assim, nesta altura, lá vai mais uma corridinha às lojas, para comprar uma abóbrinha, uma bruxa, um fantasma... Eu preferia que as nossas tradições, foclore, fossem mantidas, algumas ressuscitadas e porque não descobertas. É a cultura de um povo. Isso para mim é importante. Faz parte de nós. Analisando de outra maneira, também contribui para quebrar a monotonia do dia-a-dia, são motivos de comemoração, ajuda-nos a nivel criativo, proporciona convívio entre as pessoas... Acima de tudo o importante é viver o espírito de cada tradição. O dinheiro não compra tudo.
4 Comments:
Olá!
Pois é.. mais um post com todo o sentido nesta altura..
As tradições.. a família.. acho que as pessoas que se agarram a esses valores são as mais felizes. Hoje em dia nesta sociedade de consumo as pessoas vivem cada vez mais isoladas e consequentemente mais infelizes..
Quanto ao facto das tuas raízes e do teu medo de evoluir acho q acabo por ser um pouco igual.. e devem existir mtas pessoas iguais.. sei por exemplo que teria possibilidades de ganhar muito mais dinheiro no estrangeiro.. mas nunca pensei sequer em ir trabalhar para o estrangeiro.. prefiro estar neste meu cantinho.. a vida n é só trabalho e cada um é como cada qual e existem pessoas que não se importam de partir e arranjar "família" noutros sítios.. eu sei q pela minha maneira de ser me ia isolar e dedicar-me exclusivamente ao trabalho e isso n é vida para ninguém.. acho q a felicidade n tem nada a ver com dinheiro (apesar de ajudar claro).. mas n é preciso luxos para ser feliz.. é preciso isso sim bons amigos!
Kisses
Bacuz... concordo contigo. A vida não deve ser vivida única e simplesmente à volta do dinheiro. Infelizmente as coisas não estão muito bem organizadas na nossa sociedade de forma a permitir que haja mais tempo livre mas dedicarmo-nos a outras coisas.Principlamente aos amigos e a nós mesmos. É preciso um certa disciplina para que isso aconteça. Tenho medos sem dúvida, não passam pelo medo de evoluir, passam muitas vezes por certas opções que tenho de fazer. Vejo-me numa luta interna entre quem sou e a pessoa que resultou de toda a experiência de vida que teve até agora. Isso inclui a educação, as crenças, as vivências...às vezes sinto que deveria fazer uma certa coisa, que seria benéfico para mim, mas levantam-se uma serie de dúvidas resultantes de tudo o que mencionei em cima. Daí falar do apego! Sei que o passado não volta, sei que sou diferente do que era há uns anos atrás e muitas vezes insisto que tudo deveria ser igual. É uma questão um pouco complexa para ser escrita em meia dúzia de linhas. Concordo plenamente contigo quando escreves "é preciso isso sim bons amigos!" Obrigada pelo teu comentário :)
Sou de uma região onde as tradições ainda têm muito valor. Como minhoto que sou, prezo e vivo todas as tradições da minha região.
Mas não é por isso que deixo de realizar mudanças. Uma das melhores mudanças que fiz na vida foi estudar para longe de casa. Hoje reconheço-o. Foi uma mudança que me permitiu ver mais longe e com maior amplitude.
Como costumo dizer, a mudança é a maior tradição humana.
Ega..."A mudança é a maior tradição humana" Gostei! Penso que vou guardar esta frase junto com outras célebres :) Lembro me em miúda de ir às festas da Nossa Senhora da Agonia e fascinava-me imenso com tudo o que via. Guardei essas memórias. Tenho de lá voltar :)
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