Sobre o Amor...

" Diz o mestre: todos nós precisamos de amor. O amor faz parte da natureza humana- tanto quanto comer, beber, e dormir. Muitas vezes sentamos diante de um belo pôr-do-sol, completamente sós, e pensamos: "Nada disto tem importância, porque não posso compartilhar toda esta beleza com alguém." Nestes momentos, vale apena perguntar: quantas vezes nos pediram amor, e nós simplesmente viramos o rosto para o outro lado? Quantas vezes tivemos medo de nos aproximar de alguém, e dizer, com todas as letras, que estávamos apaixonados? Cuidado com a solidão. Ela vicia tanto quanto as drogas mais perigosas. Se o pôr-do-sol parece não ter mais sentido para você, seja humilde, e parta em busca de amor. Saiba que- assim como outros bens espirituais-, quanto mais estiver disposto a dar, mais você receberá em troca."
in MAKTUB, Paulo Coelho
Sem dúvida que precisamos de Amor. Penso que o Amor é a base de toda a nossa existência. Umas vezes podemos estar mais receptivos a recebê-lo e outras menos. Umas vezes reconhecemos o Amor, que se manifesta de várias maneiras, outras vezes ele simplesmente nos passa ao lado. Já recusámos dar Amor, mas não vos aconteceu também já o ter pedido e virarem-vos o rosto? Declararmo-nos a alguém e essa pessoa não estar em sintonia connosco? Isso leva-me a pensar, que se sentimos a falta de Amor nas nossas vidas, não se deve ao facto de sermos pouco humildes em pedir esse Amor, mas talvez, não estejamos preparados para o receber porque existe um tipo de Amor que por vezes esquecemos e que abre portas : o Amor-próprio. Talvez, quando existe essa falta em nós é-nos mostrada através da recusa de outras pessoas. Talvez, não tenhamos o nosso "campo" preparado para receber. Realmente como podemos dar Amor se acima de tudo não nos amamos? Como dar o que não temos? Não é uma forma de egoismo pensarmos em nós primeiro, mas uma realidade. Há que cultivar esse Amor próprio senão, penso, que nunca estaremos satisfeitos com o que outras pessoas têm para nos dar. O vazio continuará dentro de nós. Ficamos à espera que os outros nos preencham, quando essa tarefa só a nós diz respeito. No fundo não cultivando o Amor próprio estamos em busca da solidão. Para mim a verdadeira solidão é quando não conseguimos estar connosco. Quando a nossa companhia não nos diz nada. É um desespero quando a sentimos e criamos a ilusão que a responsabilidade está nas pessoas que nos rodeiam. Acusei pessoas de não me amarem, acusei pessoas de me deixarem entregue à solidão... e no fundo esqueci-me de olhar para dentro de mim e procurar a solução no lugar mais óbvio.