Pontos de vista
Um blog para mulheres e homens de mente aberta
Noite de Saudade
Florbela Espanca
A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!
Porque és assim tão escura, assim tão triste?!
é que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém (alguém*)!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho
Para ti, minha amiga, que estás a passar um momento de grande dor. Há que viver a dor e depois deixá-la ir. Estarei do teu lado para o que precisares. Enquanto as pessoas permanecem no nosso coração estarão sempre vivas independentemente da decisão que tomaram ao partir. Há que respeitar as escolhas e quando amamos abençoamos as opções de cada um acreditando que o melhor se cumpriu.
*alteração minha
Ontem, numa conversa com uma mãe que defendia quase cegamente o seu filho, acusando até outras pessoas que lhe são queridas, não levantando sequer o benefício da dúvida em certas coisas e utilzando muito expressões como "eu fiz.." levou-me a pensar que possivelmente algumas mães defendem os seus filhos, não só por amor maternal, mas também com medo de serem acusadas de terem desempenhado mal o seu papel enquanto mães. É como um sentimento de culpa que as invade. No fundo, isso nem deveria existir porque fazemos por um filho o melhor que sabemos e que está ao nosso alcance, mesmo que esteja muito longe da perfeição, que por si só não existe. Qualquer mãe pode virar uma loba para defender as suas "crias", estando elas em perigo. Mas reconhecer que os filhos não são perfeitos. que têm a sua maneira de ser, ajuda-los a serem melhores, encaminha-los para a vida, reconhecer e faze-los reconhecer os seus erros e limtações, respeita-los enquanto seres humanos é um acto de amor. Aí há uns 10 anos atrás, a minha filha teve um problema psicológico. Acabei por descobrir que estava relacionado com emoções que captou de mim durante a minha gravidez dela. Foi uma gravidez toda passada durante a doença e fase terminal do meu pai. Tentei proteger a minha filha mas nao foi possivel protegê-la de tudo. Nesse problema dela, lembro-me de ter sido acusada pela educação que lhe vinha a dar e os sentimentos de culpa tomaram conta de mim. A sociedade, hoje em dia, ainda aponta a dedo os pais como sendo os únicos responsáveis pela formação de uma criança. Para mim as coisas não são assim tão simples. Por vezes também é fácil apontarmos o dedo aos nossos pais como culpados de muita coisa que não gostamos em nós e acomodarmo-nos. Eu sou da opinião que qualquer um pode mudar o que quiser e quando quiser. Apesar de não ser tarefa fácil. Fui aprendendo que a culpa não faz muito sentido. Tudo o que sempre fiz pelos meus filhos foi por amor e pensando no bem deles. Sempre fiz o melhor que sabia. Hoje tenho a noção que muita coisa faria de forma diferente, mas as coisas foram como tinham de ser naquela altura. Desde ontem fiquei realmente a pensar: Será que às vezes não defendemos os filhos cegamente para minimizar alguns dos nossos sentimentos de culpa em relação ao que poderiamos ter feito e não fizemos? A vida vai-nos ensinando muita coisa, mas aquilo a que vamos tendo acesso é aquilo que precisamos em determinadas alturas. Não somos obrigados a mais! Que bom seria saber o que sei hoje e poder voltar atrás. Mas, possivelmente, não teria estes meus filhos que amo muito, teria outros! Aprendi com eles, eles aprenderam comigo... é assim a vida!
"Os relacionamentos são o fundamento da humanidade. Tiramos o nosso alimento deles, aprendemos com eles e lutamos por eles. (...) o modo como nos relacionamos com os outros determina o nosso grau de felicidade, o tempo que vivemos, e as opções que fazemos.(...) A amizade baseia-se na mais antiga e mais intrínseca consciência humana de que há muito mais na vida para além de nós próprios. (...) Sob o ponto de vista tibetano, somos responsáveis pelos nossos relacionamentos, porque somos nós que os criamos, lhes damos vida e permitimos a sua influência sobre nós.(...) Contudo, as pessoas esquecem com frequência que um relacionamento precisa de ser trabalhado(...) A amizade é uma maneira de crescer, partilhar quem somos, e tornamo-nos pessoas melhores. As amizades ensinam-nos como pensar, sentir, actuar e tomar decisões. É na amizade que descobrimos a nossa humanidade e a capacidade para a compaixão e amor. (...) Timidez constrangedora, medo de rejeição, sentimentos de desaptação social e falta de confiança podem levar à solidão e ausência de amigos, ou à rejeição daqueles com quem gostaria de estabelecer laços de amizade.(...) Tornar-se inimigo é ter uma relação muito íntima, pois está a concentrar enormes quantidades de energia de pensamento numa pessoa em particular A natureza da energia de pensamento dos inimigos e a inimizade ligam pessoas de modos múltiplos e invisíveis que irão destruir a sua vitalidade, felicidade e integridade pessoal.(...) Quando as amizades íntimas terminam é porque as lições que ambos necessitam aprender já foram aprendidas, e é tempo de ambos procurarem novos caminhos. Ambos são necessários noutro lugar. Se essa amizade está destinada a perdurar, encontrar-se-ão ambos, de novo, em circunstâncias diferentes. (...) Portanto, se um amigo se afastar do seu círculo, mesmo se o modo como isso aconteceu foi doloroso, não tente retê-lo. Deixe-o partir com a sua benção e aceite que a vossa amizade ajudou outro ser humano a encontrar o passo seguinte na jornada da sua vida."
In"A arte tibetana do pensamento positivo" Christopher Hansard
Deixo-vos aqui algo para pensarem, e se assim o pretenderem, para comentar. É sempre bom trocar ideias. Todos nós temos experiências de vida diferentes.